Sétima Trienal de Arquitectura de Lisboa

Atualmente, estão em funcionamento 440 centrais nucleares em todo o mundo, com 59 em construção e mais 110 planeadas. No entanto, até chegar a este ponto, o caminho foi marcado por contratempos: 213 centrais foram encerradas, 92 projectos cancelados e 27 concluídos mas nunca colocados em operação. Cada um destes empreendimentos — concretizado ou não — representa um auge da engenharia humana, erguendo-se muito para além do ambiente construído moderno.

Cada localização, por mais remota que seja, atrai entre 5.000 e 10.000 pessoas — planeadores, engenheiros, operários e equipas de manutenção — que deixam para trás as suas vidas, em nome do progresso: para a humanidade e para si próprios. Contudo, sobre cada projecto paira uma dura realidade: um risco de falha a rondar os 25%. É uma aposta arriscada que estas famílias aceitam ao mudarem-se para regiões isoladas, investindo anos de trabalho numa obra que pode nunca ser concluída. Por vezes, a sombra de uma central inacabada permanece — não apenas na paisagem, mas também no futuro daqueles que um dia acreditaram nela.

Paul Cetnarski

Paul Cetnarski é arquiteto (LANDWORKS), investigador e professor, com enfoque nos fenómenos culturais comuns relacionados com a arquitectura.
É licenciado em Arquitectura e Planeamento Urbano, e mestre em Arquitetura e Preservação do Património pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Wrocław. Possui ainda um diploma de pós-graduação em investigação pelo Strelka Institute.

Desde 2013, tem trabalhado em contextos internacionais — em Banguecoque, Berlim, Chicago, Moscovo e Varsóvia — traduzindo essa experiência global numa prática arquitectónica enraizada no cruzamento entre culturas e disciplinas.