Sob a chamada transição verde, um imperativo extractivista global dirige-se agora ao lítio. Na sua mais recente encarnação na Europa, interesses corporativos e estatais têm convergido para impor geografias de extração que ignoram relações socioambientais únicas, bem como os seus modos de produção e existência. Espalhadas por todo o continente, lutas comunitárias e ativistas contestam firmemente as implicações violentas de uma transição tão injusta.
A região de Barroso, no Norte de Portugal, é um desses territórios de recusa. Nos últimos sete anos, estas coletividades têm resistido ao extractivismo verde através de diversas tácticas de organização e invenção — e, nesse processo, novas formações geo-sociais têm emergido. Este projeto lança luz sobre a forma como estas relações que sustentam o mundo estão a desmontar as lógicas de abstração da transição energética, através de uma nova gramática de posse colectiva, de governamentalidade e de parentesco.
Tiago Patatas
Tiago Patatas é um profissional e investigador espacial cujo trabalho apoia lutas ambientais e examina a sua articulação com políticas do espaço. As suas investigações mais recentes abordam modalidades de extrativismo verde, em particular a irrupção das fronteiras da mineração de lítio, bem como o imperialismo nuclear e as suas expansões destrutivas a nível global. Projetos individuais e colaborativos foram apresentados no Nieuwe Instituut, na Galeria Municipal do Porto e na Bienal de Helsínquia, entre outros fóruns. Tiago é mestre em Research Architecture com distinção pela Goldsmiths, University of London, e atualmente é doutorando em Arquitetura no Royal College of Art. Vive entre Londres e o Porto.