Sétima Trienal de Arquitectura de Lisboa

A luz é, segundo uma das suas definições, energia visível que nos permite ver o mundo a cores. Não existe o conceito de “luz em geral”, mas apenas relações entre uma fonte, um meio, um espaço e um observador. Aquilo a que chamamos “visível” depende de quem observa — um ser humano, um animal ou um sensor. A luz interage connosco, colorindo e descolorindo matéria. Não existem luzes “neutras” nem cores objetivas. A nossa própria capacidade de ver a cores torna-nos cegos ao que outros indivíduos conseguem ver, tal como cada espécie está limitada à sua própria visão parcial. O que permanece invisível para nós não é menos real. Ajustar o espectro da luz revela os limites da nossa perceção. O mundo apresenta-se de forma diferente, tal como realmente aparece aos outros. Alterar a aparência através da luz permite-nos experienciar diretamente essa diferença através dos sentidos: não para ver como os outros veem, mas para compreender, de forma visceral, que a perceção nunca é absoluta.

Adrien Lucca

Adrien Lucca

Desde 2009, Adrien Lucca tem desenvolvido uma obra multidisciplinar em torno da cor e da luz, questionando a forma como percebemos o mundo físico. Longe de uma paixão melancólica pela normalização e pela tecnicização da nossa relação com a realidade, Lucca destaca a estranheza da ligação entre o mundo e a nossa percepção do mesmo, apropriando-se de recursos científicos e tecnológicos. Os seus projectos mais recentes visam redefinir o próprio conceito de “cor”.

Exposição