A primavera silenciosa de Rachel Carson expôs os perigos dos pesticidas, despertou a consciência ambiental e deu início ao movimento ecológico moderno à escala global. Hoje, esse silêncio também está ligado à intensificação dos incêndios florestais, ao silêncio das florestas outrora cheias de vida, ao estrondo do gelo a derreter no oceano e aos rugidos das tempestades que assolam as comunidades costeiras.
O som das alterações climáticas e da extinção ressoa tanto no silêncio inquietante como no ruído extremo das operações do capitalismo extrativo, seja em terra ou no mar. A ausência de sons naturais é um lembrete assustador dos ecossistemas perdidos, mas é também um apelo urgente para proteger aquilo que ainda resta.
Soundwalk Collective e Patti Smith
Soundwalk Collective é uma plataforma contemporânea de artes sonoras fundada pelo artista Stephan Crasneanscki e pelo produtor Simone Merli. Trabalhando com uma constelação rotativa de artistas e músicos, desenvolvem projetos sonoros específicos para locais e contextos, através dos quais exploram temas conceptuais, literários ou artísticos.
Evoluindo de forma multidisciplinar, o Soundwalk Collective tem cultivado colaborações criativas de longa duração com a música Patti Smith, o falecido realizador Jean-Luc Godard, a fotógrafa Nan Goldin, a coreógrafa Sasha Waltz e a atriz e cantora Charlotte Gainsbourg, entre outros. A sua prática explora o potencial narrativo do som em instalações artísticas, dança, música e cinema.
Uma abordagem artística singular ao som liga as diferentes formas de trabalho do Soundwalk Collective. Seja através da composição original ou do uso de gravações de arquivo, tratam o som como um material ao mesmo tempo táctil e poético. Esta abordagem permite-lhes criar narrativas em camadas que abordam ideias como a memória, o tempo, o amor e a perda.