A noção de dívida de David Graeber desafia as teorias económicas tradicionais, propondo que aquela não tem um início definido. Ela precede os sistemas monetários, enraizada em obrigações sociais e relações humanas, transcendendo origens meramente transacionais. Um rio estável é mais do que aquele que mantém o mesmo curso. Foi forçado a manter-se no lugar, manipulado para permitir a optimização do comércio. Tem uma influência significativa sobre a tecnosfera, permitindo os fluxos de transporte, comércio e energia. No entanto, as cheias são sintomáticas de um sistema fluvial saudável, essenciais para reabastecer a planície aluvial. Os sedimentos precisam de fluir, mas como podemos gerir esse fluxo dentro de uma economia política que depende da estabilidade?
Kelly Van Homrigh
Kelly Van Homrigh é designer e investigadora, com formação em arquitetura pela Architectural Association, onde recebeu o prémio AA Honours. O seu trabalho examina de que forma os sistemas de finança, governação e infraestrutura produzem organizações espaciais enraizadas na obrigação e na consequência adiada. Com foco na dívida enquanto força material e simbólica, explora como os territórios são moldados não apenas pelo que é construído, mas também pelo que é prometido, extraído e deixado em suspenso.